O Grupo Guararapes, controladora das lojas Riachuelo, informou por meio de nota à imprensa nessa terça-feira, (10), que encerrou suas atividades no Estado do Ceará e vai centralizar sua produção na fábrica de Natal, no Rio Grande do Norte. A centralização fabril da Guararapes na Grande Natal deverá abrir mais de dois mil postos de trabalho, em empregos diretos e indiretos.
Informações apuradas pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, dão conta que a decisão adotada pelo Grupo Guararapes faz parte do planejamento estratégico da companhia, com foco em otimizar a operação fabril para intensificar eficiência, competitividade e diversificação de produtos. Segundo a Companhia, o modelo de negócio integrado do grupo permanece inalterado, preservando a cadeia de fornecimento nacional.
Conforme apuração da TRIBUNA DO NORTE, os cerca de 2 mil funcionários que atuavam na fabrica do Ceará, foram oficialmente comunicados da decisão nesta terça-feira e estão recebendo assistência “juntamente com um pacote extra, como por exemplo, uma extensão do plano de saúde pelo dobro do aviso prévio e o valor de meio piso salarial para os funcionários”, diz.
Além disso, máquinas de costura industrial foram doadas às costureiras. Aos demais, foi fornecido um adicional de mais um salário.
Confira nota da íntegra:
“O Grupo Guararapes informa que irá centralizar sua produção fabril em Natal, no Rio Grande do Norte. A decisão faz parte do planejamento estratégico da companhia com foco em otimizar a operação fabril para intensificar eficiência, competitividade e diversificação de produtos. O modelo de negócio integrado do grupo permanece inalterado, preservando a cadeia de fornecimento nacional.
Vale frisar que a Guararapes preza, primordialmente, pelo cuidado e olhar humano, assim todos aqueles que foram afetados por essa decisão já estão recebendo a assistência devida juntamente com um pacote extra para auxiliar nesse período.
A todos foi oferecido a extensão do plano de saúde pelo dobro do aviso prévio e o valor de meio piso salarial. As máquinas de costura industrial foram doadas às costureiras e aos demais foi fornecido um adicional de mais um salário.
A Guararapes tem uma relação de longa data com o Ceará e seguirá atuando no estado por meio de suas lojas”.
Movimentos sociais, entidades estudantis, partidos políticos, centrais sindicais e pessoas independentes marcharam na noite desta segunda-feira (9) em Natal contra as ameaças golpistas de bolsonaristas, que executaram uma ação terrorista no dia anterior em Brasília.
O ato foi marcado para às 18h no Midway Mall e caminhou até a altura da Igreja Universal. Cartazes exibiam mensagens em defesa da democracia e pediam o fim do “vandalismo fascista”, além da prisão do ex-presidente Bolsonaro e seus aliados. Uma intervenção artística ainda ironizava a diferença nas atuações da polícia nos atos protagonizados pela esquerda e pela direita. Nos gritos, manifestantes entoavam pedidos como “sem anistia, povo na rua pela democracia”.
No ato, estiveram segmentos como sem-teto, sem-terra, docentes da educação básica e superior, bancários, técnicos de enfermagem, dentre outros. O professor Oswaldo Negrão, presidente do Sindicato dos Professores da UFRN (Adurn-Sindicato), classificou o ato dos bolsonaristas como “absurdo”.
Foto: Vlademir Alexandre
“A gente nunca tinha passado por uma experiência dessa desde a redemocratização do país. O ataque aos poderes estabelecidos, ao Executivo, ao Legislativo e Judiciário, no momento que eles invadem os palácios e fazem aquela destruição das artes e documentos, revela a falta de respeito que esses terroristas têm com o Estado Democrático de Direito”, criticou.
“Aquele discurso que eles tinham de família, propriedade, tradição e religiosidade todo cai por terra porque eles não são cristãos. Eles seguem um falso profeta e na verdade o que querem é justamente uma decisão que é totalmente antidemocrática”, continuou Negrão.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) levou cerca de 100 assentados para a manifestação. Erica Rodrigues, da direção estadual do movimento, falou sobre a importância de unir a luta sem-terra à causa antifascista:
“O MST está mobilizado em todo o Brasil, no campo e na cidade, repudiando o que aconteceu ontem (8). Foi um atentado contra o povo brasileiro e com o governo que o povo brasileiro escolheu. Então a gente vem denunciar principalmente e pede que todos os criminosos sejam punidos, principalmente quem financiou”, disse.
Grupo faz intervenção artística
Foto: Luana Tayze/Ascom Brisa Bracchi
Vestindo uma camisa da Seleção e com uma máscara de porco, o psicólogo Yuri Paes, 31, imitava os extremistas bolsonaristas e trazia um cartaz pendurado ao corpo com algumas alternativas marcadas. Entre as opções de “sim” e “não”, o “não” prevalecia em relação à repressão, tiros e ameaças. O “sim” estava marcado apenas na opção de escolta.
Já sua parceira Marina Dantas, 30, professora e militante do coletivo feminista Amélias, estava caracterizada como uma ativista de esquerda e outro cartaz com o “sim” para a repressão, tiros e ameaças.
Segundo Paes, o objetivo da ação era conseguir dialogar com o povo.
“A gente entende que para conseguir atingir esse objetivo, a gente tem que utilizar as diversas formas que a população e o povo brasileiro conseguiram desenvolver. A cultura e a arte são uma forma prioritária de conseguir estabelecer diálogo com o povo, por isso a gente tem feito essa intervenção como uma forma de conseguir expandir também o diálogo”, afirmou.
Do interior à capital
Uma das organizadoras da manifestação antifascista foi Luh Vieira, presidenta da União Estadual dos Estudantes (UEE-RN) e aluna da Uern Mossoró. Ela enfrentou a viagem de mais de 200km para o ato unitário em Natal, que reuniu também estudantes da região metropolitana.
“O ato foi pensado em unidade porque o combate ao fascismo é uma pauta que une todo o povo potiguar e todo o povo brasileiro que é pobre, que é da classe trabalhadora, as mulheres, os negros e negras, LGBTs. O que movimenta a gente é a defesa da democracia”, ressaltou.
Foto: Valcidney Soares
Alex Monteiro, estudante do IFRN Ceará-Mirim, foi outro a se manifestar contra a tentativa de golpe de extrema-direita. Presidente da Rede de Grêmios do IFRN (Regif), afirmou que é “muito importante se organizar nesse momento, porque esse golpe foi anunciado há quatro anos”, em referência à eleição de Bolsonaro.
Policial antifascista rechaça atuação da PM-DF
Liderança do Movimento Policiais Antifascismo, o civil Pedro Paulo Mattos, conhecido como Pedro Chê, criticou a “predileção” da PM-DF ao não conter os extremistas da Esplanada dos Ministérios.
Uma investigação foi aberta pelo Ministério Público Federal (MPF) nesta segunda (9) para apurar a possível omissão do comandante da PM-DF, coronel Fábio Augusto Vieira, e demais autoridades envolvidas nas manifestações golpistas.
“A polícia tem que respeitar a lei, o ordenamento jurídico. O que aconteceu ontem foi uma predileção. Foi patético ver colegas policiais chamando os golpistas para dentro dos prédios públicos. Isso não existe”, sentenciou.
“Não cabe desculpa pelo que aconteceu. Tem que responsabilizar os culpados, sejam eles quem forem, e eu tenho confiança de que o governo federal entendeu a gravidade e vai ajudar e vai fazer a sua parte, o judiciário também, pra que essas pessoas sejam identificadas”, pontuou o policial.
Foto: Valcidney Soares
Inicialmente, a manifestação em Natal estava prevista para caminhar até a altura da Árvore de Mirassol. O percurso, entretanto, foi encurtado e finalizou na altura da Igreja Universal. Segundo uma das organizadoras, foi acertado com a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) que o protesto se encerraria naquele local, sob pena de multa. Um dos partidos da organização, a Unidade Popular(UP), se colocou contra e defendeu seguir o trajeto original, mas foi voto vencido.
Não houve invasão a prédios públicos ou depredação no ato dos movimentos populares, ao contrário do registrado na invasão dos bolsonaristas em Brasília.
Denunciada após postar um vídeo durante o ato terrorista em Brasília, Pâmela Bório,ex-primeira-dama da Paraíba, é uma colecionadora de tretas e já foi investigada por corrupção quando era casada com Ricardo Coutinho, ex-governador do estado. Nos vídeos postados por ela e apagados quando foi descoberta por um perfil que vem denunciando os golpistas, Pâmela diz que “o país se afundou na corrupção”. Mas na gestão de seu ex-marido, a fatura do cartão corporativo chamou atençao do Tribunal de Contas do Estado, que abriu inquérito para apurar o mau uso da verba pública.
A Miss Brasil Globo 2008 (uma espécie de genérico do Miss Brasil), costumava passar o cartão (mesmo não tendo um só para ela) sem se preocupar com as regras licitatórias. Contas de um enxoval e acessórios para um quarto de bebê, destinados ao filho do então casal, foram pagos com dinheiro dos contribuintes. Bem como cardápios com postas de bacalhau, lagostas,cordeiros sem osso e bebidas alcoólicas. Ainda no relatório apresentado pelo Tribunal, espanta a quantidade de farinha láctea comprada em um mês: 460 latas.
Durante sua vida nos concursos de beleza, Pâmela não era figura em alta conta dos organizadores. Em 2005, a baiana participou de um destes e infringiu uma das regras ao desfilar com um salto acima do permitido. Diante das suspeitas, se trancou no quarto do hotel para evitar que medissem sua altura, 1,64m, e descobrissem a fraude. Ela negou a “fuga”. E justificou dizendo que fora fazer hidratação nos cabelos.
Em seu perfil no Instagram, na época de casada, além dos ataques verborrágicos a Lula e ao PT, Pâmela costumava mostrar as lingeries caríssimas e dizia que eram “para o maridão”. Ela e o maridão,no entanto, se separaram em 2015. E não foi de forma amigável. Em 2017, ela teria sido vítima de um hacker e teve nudes vazados. A jornalista acusou o ex pelo vazamento e postou uma série de textos o difamando. O caso foi parar na Justiça e Pâmela perdeu a ação, sendo obrigada a apagar tudo. Agora,um novo round entre a “Bela e a Fera”, como Pâmela e Ricardo eram chamados, está a caminho. Ela levou seu filho de 12 anos com o ex-governador para a invasão do Congresso e ele ameaça requerer a guarda do garoto.
O Senado Federal analisa nesta terça-feira, a partir das 11h, o decreto de intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após os atos terroristas de domingo. O decreto já teve aval na Câmara na noite de ontem, em votação simbólica — quando não há a contagem de votos de cada deputado.
A tendência é que o Senado, a exemplo da Câmara, também dê apoio à medida adotada por Lula após a invasão ao Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Praça dos Três Poderes tem cenário de destruição após atos terroristas
Foto: Bruno Góes/Agência O Globo
Se aprovado o decreto, o governo federal assume até 31 de janeiro a responsabilidade da segurança pública no Distrito Federal para “pôr termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado no Distrito Federal, marcada por atos de violência e invasão de prédios públicos”, segundo o texto da medida. O ato de Lula nomeia o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Garcia Cappelli, como interventor.
Em reunião com governadores na noite de ontem no Palácio do Planalto, Lula disse que foi “obrigado tomar uma atitude forte porque a polícia de Brasília negligenciou, a inteligência de Brasília negligenciou.” O presidente apontou que era possível observar policiais militares e soldados do Exército conversando com os invasores.
— Havia uma conivência explícita da polícia apoiando os manifestantes. Mesmo aqui no Palácio, soldado do Exército Brasileiro conversando com as pessoas como se fossem aliados, até que resolvi tomar uma atitude de fazer uma intervenção na segurança pública de Brasília porque o responsável estava sob suspeita há muito tempo – disse Lula, sem citar nominalmente o secretário de Segurança Pública do DF exonerado, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.
Ontem, líderes partidários na Câmara defenderam que o decreto fosse apreciado o quanto antes para dar uma resposta rápida aos atos antidemocráticos. Dos 513 deputados, 446 estavam presentes, de maneira presencial ou remota.
— Esta sessão é a prova concreta que a nossa democracia continua viva e funcionando plenamente. E continuará para sempre. A profanação do templo da democracia e o inaceitável vandalismo que aconteceram ontem na Praça dos Três Poderes são condenáveis sob todos os pontos de vista e merecem uma apuração rigorosa. As punições devem vir pelas mãos da Justiça com uma dosimetria que considere não só os danos ao patrimônio público como o simbolismo de um atentado simultâneo aos palácios que representam os poderes da nossa República. A resposta para o que foi feito, dos estragos ao patrimônio público e ao coração da República, é que a democracia funcione melhor, que faça mais e que alcance mais os seus objetivos — disse Lira ao abrir a sessão.