Não é justo dizer que ataquei a democracia, diz Bolsonaro

Foto: reprodução/Poder360

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta 2ª feira (26) não ser justo dizer que ele “atacou a democracia” ao falar sobre o sistema eleitoral brasileiro durante reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho de 2022, quando ainda era presidente do Brasil.

Na ocasião, Bolsonaro questionou o resultado das eleições de 2018, levantou dúvidas sobre as urnas eletrônicas e criticou ministros de tribunais superiores. O evento foi transmitido pelo canal estatal TV Brasil. “É justo cassar os direitos políticos de alguém que se reuniu com embaixadores?”, questiona. O episódio é alvo de ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que pode torná-lo inelegível.

As declarações foram feitas durante fala a jornalistas nesta 2ª feira (26) depois de reunião com integrantes do PL (Partido Liberal) na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo).

Bolsonaro é acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante o evento em ação movida pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista). O julgamento na Corte teve início na última 5ª feira (22), mas foi suspenso pelo presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes, depois da apresentação do parecer do MPE (Ministério Público Eleitoral), que defendeu a inelegibilidade de Bolsonaro.

O rito será retomado na 3ª feira (27) com a apresentação do voto do relator da ação, ministro Benedito Gonçalves. Outra sessão é esperada para 5ª feira (29).

Em entrevista à Rádio Bandeirantes no último domingo (25), Bolsonaro afirmou que, independente do resultado, “não será o fim do mundo” e chamou o julgamento de “politiqueiro”.

No 1º dia do julgamento, na última 5ª feira (22), Bolsonaro foi a Porto Alegre (RS), onde participou da 23ª edição da TranspoSul, congresso de transporte e logística, e foi ao evento de filiação de 12 políticos ao PL na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Segundo a assessoria do ex-presidente, as viagens fizeram parte de um roteiro pelo país para fortalecer o PL na disputa das eleições municipais de 2024.

Poder 360

Mesmo com laudo, banca exclui candidata autista de concurso no DF

Foto: Material cedido ao Metrópoles

Mesmo com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma candidata que concorria ao concurso público do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) por meio das cotas para Pessoas Com Deficiência (PCDs) foi excluída do certame pelo Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação (IBFC), banca organizadora da seleção. Só depois de entrar na Justiça contra o resultado, Janaína Silva Gualberto foi reinserida no quadro de aprovados.

Após análise do caso, o juiz Carlos Fernando Fecchio dos Santos determinou o retorno de Janaína à lista de PCDs nas demais fases do certame. O Metrópoles entrevistou a candidata, que é bacharel em direito, pós-graduada em direito civil e processo civil. “Mãe, neuroatípica e ser humana capaz”, afirmou ela. Seus dois filhos também são neurodivergentes.

O concurso do Detran-DF é um sonho pessoal para Janaína. Apesar de saber que é um certame disputado, a jovem gosta de superação. “O meu objetivo maior é contribuir com o cargo que eu desempenhar, me superar todos os dias nas relações sociais, porque nós, autistas, precisamos dessas experiências para o desenvolvimento diário. E, também, contribuir financeiramente para a formação profissional dos meus dois filhos”, comentou.

Rejeição

Quando soube da exclusão, Janaína sentiu-se rejeitada pela condição de TEA.

“Vi na administração pública algo que me frustrou. Inicialmente, eu achei que pela administração pública ser regida pelo princípio da legalidade, eu estaria assegurada pela Lei do próprio edital e pela Lei 12.764, de 2012. Mas não é bem assim”, relembra.

“Em menos de 20 minutos, a banca excluiu minha condição do TEA. Não levaram em consideração nem as perguntas que respondi na avaliação biopsicossocial”, completa Janaína.

Após judicializar o caso, a jovem diz que o resultado foi motivo de extrema alegria para a família.

“Sensação de justiça! Que eu não preciso omitir a minha condição. Que sou capaz e tenho direito de ser aceita pelo que eu sou e não pelo que as pessoas acham que eu sou, por falta de conhecimento sobre o autismo”, comemora.

Capacitismo

Janaína foi diagnosticada com autismo de suporte nível 1 em 2020. Descobriu a condição quando fazia a investigação do próprio filho, diagnosticado com TEA nível 3 de suporte.

“É justamente isso que passei: preconceito e capacitismo. Há pessoas que têm conhecimentos sobre o TEA e mesmo assim exclui. Outras pessoas nos excluem socialmente por não terem conhecimento mesmo. Então, sim, a luta pela inclusão é algo que se vive: uma luta diária pelos nossos direitos”, ponderou.

Janaína critica a falta de políticas públicas que sejam inclusivas e ofereçam suporte para pessoas com deficiência. “O Brasil perde muito quando não prioriza políticas públicas em atenção ao desenvolvimento das pessoas com o TEA, que é uma condição crescente. Temos muito a contribuir, ao se desenvolver as habilidades individuais em centros especializados. Não é gasto, é um investimento”, frisou.

Em 18 de junho, foi celebrado o Dia do Orgulho Autista. Para Janaína, o DF precisa de um centro especializado em atenção ao atendimento e desenvolvimento do TEA. Para a bacharel, por Brasília ser a capital do Brasil, deveria ser exemplo.

Legislação

Segundo o advogado e diretor-presidente do Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab), Edilson Barbosa, bancas examinadoras de concursos e o próprio Estado devem respeitar a legislação.

“A banca examinadora não prestou atenção à lei. O magistrado citou as duas leis na decisão. Primeiro falou do Estatuto da Pessoa com Deficiência, depois a Lei 12.764, de 2012, diz que a pessoa autista é PCD”, afirmou.

De acordo com Barbosa, infelizmente, bancas examinadoras frequentemente ignoram os direitos dos PCDs. Por isso, a decisão do concurso do Detran-DF é, de certa forma, pedagógica.

Outro lado

O Metrópoles tentou contato com o IBFC sobre o caso. Por nota, o instituto argumentou que a responsabilidade da questão é do Detran-DF.

Leia a nota completa:

Informamos que após a homologação do referido concurso, fica de inteira responsabilidade do órgão a convocação para a posse do cargo e demais detalhes acerca do certame.

Metrópoles

Justiça decreta prisão temporária de donos de escola da Zona Sul de SP denunciada por maus-tratos

Foto: Reprodução/TV Globo

A Justiça decretou a prisão temporária dos donos da escola particular Pequiá, no Cambuci, na Zona Sul de São Paulo. A Polícia Civil investiga denúncias de maus-tratos em alunos dentro da escola.

O delegado Fábio Daré, responsável pela investigação aberta após denúncias de maus-tratos a alunos, afirmou que os registros de flagrante mostram “situações vexatórias”.

Segundo o delegado do caso, além das imagens, os relatos parecidos em todos os depoimentos foram decisivos para a investigação. De acordo com ele, a Justiça acatou o pedido de prisão temporária por 30 dias dos donos da escola e de busca e apreensão em seus endereços.

“A princípio [a investigação] foi [aberta] por maus-tratos e submeter criança a situação vexatória. Mas pelos relatos, pela gravidade dos relatos, eu incluí a tortura. Por alguns indícios que eu tinha das oitivas. As filmagens são tristes, revoltantes e isso causou muita revolta na gente, nas mães, nos pais”, disse.

“Falta só chegar o papel”, afirmou, sobre o mandado de busca e apreensão. O caso corre em sigilo por envolver menores de idade.

Segundo Daré, caso os donos da escola não sejam localizados ou se entreguem à Polícia Civil nesta segunda-feira, serão considerados foragidos na Justiça.

Na delegacia, ao menos 12 pais e mães, além de duas professoras, já prestaram depoimento. Os casos foram descobertos porque uma das professoras, depois de testemunhar cenas de maus-tratos e humilhações, conseguiu esconder o celular e gravar. Uma foto mostra um menino amarrado pela blusa em um poste.

Em outra gravação, uma mulher grita para que uma menina de um ano e meio guarde os brinquedos.

“Fiquei horrorizada. Chorei, chorei, não podia acreditar. Não dava para acreditar que estava acontecendo isso”, disse Carina Pereira, a mãe de uma aluna.

Ivan Luís Prior Pecchi e Tania Cellia Regis Recchi procuraram a delegacia. O filho deles tem 5 anos e estava matriculado desde os 11 meses. Eles contam que os donos da escola tentavam impedir o contato entre pais e professores.

“Faziam de tudo para gente não ter acesso, para não trocar informações. E com os professores eram a mesma coisa. A gente não podia ter acesso a nenhum professor.”

Professora gravou

Com as provas, ela procurou algumas mães de alunos e foi até delegacia do bairro no último domingo (18). No boletim de ocorrência, a professora relatou punições, humilhações e agressões impostas às crianças quando algo não acontecia como esperado pelos donos.

“As fotos e os vídeos que a gente tem não é nem metade das coisas que eles faziam. Eles gritavam muito com as crianças, tem até o quarto escuro, que muitas crianças falam e era praticamente um quarto de castigo”, disse a professora Anny Garcia Junqueira, que fez a denúncia.

O que diz a defesa

A defesa de Andrea Carvalho Alves Moreira e Eduardo Mori Kawano disse que ainda não teve acesso ao inquérito, e que, por enquanto, pode esclarecer que os donos da escola negam veementemente as acusações e são totalmente inocentes.

A Secretaria Estadual da Educação informou que abriu um processo administrativo diante das denúncias recebidas.

Foto: Reprodução/TV Globo

G1.Globo