
Ex-jogadora de vôlei e Ministra do Esporte do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ana Moser deu declaração polêmica sobre e-sports (termo que define esportes eletrônicos pelo mundo), e falou como a pasta não pretende investir nesse segmento dos games.
“A meu ver, o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então você se diverte jogando videogame, você se divertiu,” afirmou Moser durante entrevista ao UOL. “O atleta de e-sports treina, mas a Ivete Sangalo também treina para dar show e ela não é atleta, ela é uma artista que trabalha com entretenimento.”
Depois disso, o próprio UOL conversou com personalidades e nomes importantes dos e-sports no Brasil. Vale lembrar como a categoria não é classificada como esporte, então atletas da modalidade não são afetados por Lei de Incentivo ao Esporte e Bolsa Atleta, por exemplo.
“Senhora Ministra, eu queria falar em nome de todos os atletas de e-sports, que são muitos, aliás, que e-sports é um esporte sim! Fazer a comparação que você fez é ignorar todo processo que a pessoa tem de preparo físico e mental para disputar uma competição,” afirmou Bruno “Nobru” Goes, streamer e jogador profissional de Free Fire.
“Tenho certeza que os jogos eletrônicos apareceram para dar novas esperanças para a criançada, mostrar que a gente consegue vencer na vida, assim como eu venci. Hoje em dia consigo sustentar a minha família e tenho uma empresa com 200 funcionários.”
Já Gustavo “Sacy” Rossi, campeão mundial de Valorant, fez um retrospecto da evolução dos esportes eletrônicos nos últimos anos: “Muita coisa mudou para o esporte eletrônico de 10 anos para cá, mas não podemos confundir esporte com entretenimento. Nosso treino é focado em competição, não em entreter pessoas, estamos diariamente jogando contra outros atletas, com horários definidos, estratégias e treinos em equipe, e isso faz dos e-sports um esporte.”
Além disso, Jaime Pádua, cofundador da FURIA, uma das principais organizações de esportes eletrônicos do Brasil, reconheceu a diferença entre esporte tradicional e e-sports, mas se mostrou decepcionado com a definição de Ana Moser:
“De fato os e-sports são diferentes dos esportes, mas por motivos diversos dos apontados pela Ministra, como por exemplo por suas bases fundadas em propriedades intelectuais de empresas privadas. É triste ver uma argumentação atrasada que deprecia o valor competitivo e de performance dos e-sports em relação a esportes tradicionais.
O mundo mudou, e espero que a Ministra faça o que ela sempre fez no seu esporte e estude, treine e evolua, pois foi isso que a levou à glória e a nos encher de orgulho no vôlei.”
FONTE: ROLLING STONE BRASIL