Depois de registrar queda de 13 percentuais na ocupação média da rede hoteleira durante a Semana Santa, em comparação com o ano passado, entidades representativas do setor de turismo do Rio Grande do Norte apresentaram, durante uma audiência pública, nesta terça-feira (11), o cenário atual do setor. Na ocasião, apontaram medidas que podem impulsionar a cadeia de atividades, levando em consideração a imagem de insegurança associada ao estado com os dez dias de ataques criminosos no mês passado.
Durante a audiência, que ocorreu na Assembleia Legislativa, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RN) revelou que a ocupação média durante a semana santa deste ano ficou em 52% (em 2022, a ocupação foi de 65%). No comparativo com o ano de 2019, pré-pandemia da covid-19, o recuo foi ainda maior, com uma diferença de 18 pontos percentuais. Naquele ano a ocupação nos hoteis ficou em 70%.
Os ataques criminosos que ocorreram em março passado no Estado foram apontados como principal causa do desempenho pífio de 2023. “Os atos terroristas e atentados afugentaram os turistas e viajantes. O reflexo está acontecendo agora, exatamente como nós prevíamos. O nosso medo não era de imediato, nossa preocupação sempre foi com as vendas futuras. Como elas estarão?”, questiona Abdon Gosson, presidente da ABIH-RN.
Na quinta-feira da semana passada, às vésperas do feriadão, a Associação havia divulgado que a projeção para o período seria de uma ocupação de 47%. Entidades representativas do setor compreendem que o grande gargalo não foi o cancelamento de reservas, mas a escolha do destino em si.Com as notícias sobre a onda de terror que tomaram conta do RN entre os dias 14 e 25 de março, muita gente que estava para comprar um pacote turístico para o Estado optou por outro lugar para curtir os dias prolongados de folga.
Antes dos ataques, a expectativa da ABIH era positiva. “De acordo com o crescimento da demanda pós pandemia, esperávamos uma ocupação média acima de 75%”, pontuou Gosson.
“Nós tivemos, nesta Semana Santa, a pior experiência dos últimos 10 anos. Pelo menos a experiência que tivemos em Pipa foi assim: a ocupação não passou de 50% nos hotéis”, declarou o empresário do setor hoteleiro e ex-presidente da ABIH-RN, José Odécio na audiência.
Ele reforçou que, se em um primeiro momento não houve cancelamento de reservas, em um segundo momento, não houve compra de pacotes. “Infelizmente, passamos por esse momento no Rio Grande do Norte, mas precisamos ter consciência de que somos um estado que tem como vocação o turismo. Os setores público e privado têm que olhar para o segmento como grande alavancador da nossa economia”, completou.
O encontro na Assembleia legislativa foi presidido pelo deputado estadual Luiz Eduardo (SDD) e reuniu o trade turístico do Estado para debater a crise no setor. O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do RN (SHRBS-RN), Habib Chalita, afirmou que, no momento, é preciso unir forças para tentar reverter o quadro. “Para se ter uma ideia, dados sobre a alimentação fora de casa, da Abrasel, apontam que o fluxo de caixa de quem trabalha com almoço caiu de 30% a 40% na Semana Santa. Já o fluxo de caixa noturno chegou a registrar queda de até 80%”, disse.
Chalita ressaltou que esses números são reflexo dos ataques criminosos que aterrorizaram o estado, totalizando 307 ocorrências em mais de 40 cidades entre os dias 14 e 24 de março, fato que ganhou repercussão nacional. “Agora, precisamos ‘dar um polimento’ no produto Rio Grande do Norte, que é um estado amado pelo Brasil. E eu acho que é isso que a Secretaria de Turismo e a Emprotur vão fazer”, pontuou.
A Setur-RN anunciou que já deu início a uma campanha de promoção do Estado em todo o País, a fim de atenuar os efeitos da crise. “É uma campanha com alcance nacional para melhorar a imagem do nosso destino, além de campanhas cooperadas com operadoras de turismo”, disse a secretária de Turismo do RN, Ana Maria Costa. Parte do material começou a ser veiculado na mídia na última segunda-feira (10) e seguirá até junho.
A diretora de Promoção e Marketing da Emprotur, Molga Freire, detalhou que a estratégia é reforçar o potencial do Estado como destino turístico, com plano de mídia integrado em ações on e off-line. “Vamos trabalhar com outdoor e mídia aeroportuária (painéis) nos principais mercados emissores, como São Paulo e Minas Gerais. Trabalharemos também com filmes de 30 segundos na TV Globo e na Globo News”.
Molga disse ainda que a iniciativa mostra que o RN está em “paz”. “O conceito trabalhado é: ‘Visite o Rio Grande do Norte, destino que acolhe’. É um conceito que diz muito sobre o potiguar e que fala, de forma mais sutil, sobre a paz em que o RN se encontra hoje”, disse.
Tribuna do Norte
