Diretor da PRF pede desculpas à família de Genivaldo pela primeira vez, após morte em “câmara de gás”

Foto: reprodução/CNN Brasil

O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Antônio Fernando Oliveira, fez um pedido formal de desculpas à família de Genivaldo de Jesus, nesta quarta-feira (25). Essa é a primeira vez que a instituição faz uma declaração formal de desculpa sobre a morte dele, que completa um ano hoje.

“Todos sabem dos fatos recentes que aconteceram e não condizem com o histórico tradicional da PRF. Mas os fatos ocorridos foram traumáticos. Quero aproveitar a oportunidade para uma fala institucional que, não tenho conhecimento se já foi feita e acho necessária, que é um pedido de desculpa formal à família do vitimado. Nosso compromisso é que a PRF cada dia mais seja transparente em todas as nossas ações”, disse.

A fala do diretor foi durante a apresentação dos estudos para implementação das “bodycams”, as câmeras que devem ser instaladas nos uniformes dos policiais rodoviários federais. A cerimônia foi na sede da PRF e o diretor foi aplaudido após a fala sobre Genivaldo.

O secretário de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, também participou do evento e comentou o caso. “Eu acredito que [com as câmeras] poderiam ter sido evitadas situações como a do Genivaldo. Sem dúvida alguma. Por isso que essa é uma política muito simbólica. É um episódio extremamente lamentável. A dor da família é indescritível e a gente se solidariza. Com as câmeras, reduz denúncias e aumenta a sensação de segurança”, declarou.

Sobre uma indenização à família, prometida pelo Ministério da Justiça este ano, o secretário explicou que ainda não há acordo e que as negociações continuam. “A gente segue aberto ao diálogo com a família. São nove irmãos, a mãe, a viúva e o filho. Ainda não há avanço. Seguimos dialogando toda semana com eles e aguardamos uma posição comum da família, no tempo dela. A defensoria também está dialogando com eles”, comentou.

Câmeras corporais

A PRF divulgou hoje um calendário para instalação das câmeras nos uniformes. Os estudos começaram este mês e vão até outubro. Depois, será a fase de teste de campo, quando os policiais usarão os equipamentos nas ruas. E em abril do próximo ano está previsto o começo da licitação.

Segundo a PRF, ainda não há valor a ser falado, pois dependem dos estudos e das câmeras que podem ser compradas. Em São Paulo, por exemplo, primeiro estado a instalar, cada uma tem média de R$ 798,00 por mês como aluguel do pacote completo, desde o equipamento ao armazenamento.

Caso Genivaldo

Genivaldo de Jesus morreu em 25 de maio de 2022 e o caso ficou conhecido como “a câmara de gás improvisada”.

Conforme a denúncia do Ministério Público, a vítima morreu asfixiada depois de ser colocada no compartimento de presos da viatura da PRF, onde os agentes lançaram spray de pimenta e gás lacrimogêneo. Populares acompanharam a cena e gravaram o momento, que viralizou nas redes sociais e gerou indignação.

O juiz de primeiro grau decretou a prisão preventiva dos policiais “para garantia da ordem pública, em razão da gravidade do fato e de indícios de reiteração criminosa específica”. Isso porque, segundo o Superior Tribunal de Justiça (STJ), dois dos três policiais envolvidos no caso foram indiciados por abordagem violenta dois dias antes da morte de Genivaldo.

CNN Brasil

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
WhatsApp

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *