O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou, nesta quarta-feira, um novo aumento na taxa Selic, elevando os juros básicos da economia em um ponto percentual. Com a decisão, a Selic passa a ser de 14,25% ao ano. A medida tem impacto direto no crédito e no consumo dos brasileiros.
Este é o quinto aumento consecutivo da taxa, impulsionado pelo cenário de inflação persistente e pela alta nos preços dos alimentos e da energia. Segundo analistas, a estratégia de juros elevados busca conter o consumo, mas também limita o crescimento econômico e reduz o poder de compra da população.
Impacto no crédito e no consumo
Com a elevação da Selic, o custo do crédito sobe, afetando diretamente as famílias de menor renda. Além do encarecimento dos financiamentos, a alta da taxa também impacta o cheque especial, o cartão de crédito e até mesmo serviços básicos como energia elétrica e combustíveis.

O economista Janduir Nóbrega destaca que, embora muitas pessoas não acompanhem de perto a política monetária, sentem os efeitos no bolso. “Quanto maior a taxa Selic, menor é o poder de compra do trabalhador de baixa renda, que muitas vezes nem sabe que essa taxa existe, mas percebe o impacto. O salário não acompanha na mesma velocidade, e os aumentos no cheque especial, no cartão de crédito, na energia e no combustível reduzem a capacidade de consumo”, explica.
A elevação da Selic também impacta setores como comércio e indústria. Com o crédito mais caro, muitas famílias precisarão reduzir gastos e enfrentar dificuldades para quitar dívidas, o que pode desacelerar a atividade econômica.
Perspectivas para os próximos meses
A expectativa do mercado é de que novas altas possam ocorrer ao longo do ano. “Essa já é a segunda alta do ano e provavelmente o Banco Central continuará com essa estratégia até junho. Há uma perspectiva de desaceleração no segundo semestre, mas isso dependerá do comportamento da inflação. Se o consumo se equilibrar, a taxa pode fechar o ano entre 14,25% e 14,75%”, analisa Janduir Nóbrega.
O Banco Central reforça que a política de juros elevados é um instrumento essencial para conter a inflação e garantir a estabilidade econômica, ainda que, no curto prazo, pese no bolso dos brasileiros.