Declaração do presidente Lula sobre a Guerra da Ucrania repercute de forma negativa pelo mundo; confira!

Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

A declaração do presidente Lula (PT) sobre a Guerra da Ucrania provocou indignação e repercutiu de forma negativa entre os países envolvidos; Estados Unidos; União Europeia, e nos veículos de imprensa ao redor do mundo. Na ocasião, Lula disse que a Ucrania tem responsabilidade em relação a guerra e pela invasão russa ao território.

Durante sua visita à China e aos Emirados Árabes Unidos, Lula aproveitou também para pedir que os EUA e a União Europeia parem de incentivar o conflito, argumentando que ambos estão fornecendo armas para a guerra acontecer.

Veja abaixo como a imprensa brasileira repercutiu o assunto:

Um portal de notícias ouviu três especialistas no assunto e que divergiram sobre o tema: um deles considera a postura como de independência, outro fala em “gafe” e uma professora diz que Lula frustrou o desejo de o Brasil mediar o acordo de paz.

O que disse Lula?

“O presidente [russo, Vladimir] Putin não toma a iniciativa de parar. [O presidente ucraniano, Volodimir] Zelenski não toma a iniciativa de parar. A Europa e os Estados Unidos continuam contribuindo para a continuação desta guerra. Temos que sentar à mesa e dizer para eles: ‘basta’.”

Lula está certo em também culpar a Ucrânia pela guerra?

“A declaração foi equivocada, desnecessária e fora do contexto. A guerra não foi iniciada por dois países; foi uma invasão da Rússia. Europa e EUA não patrocinam a guerra. Eles reagem, mandam armamento na tentativa de fazer sobreviver um povo submetido”
Maristela Basso, professora de Direito Internacional da Faculdade de Direito da USP

“Europeus e americanos querem que o Brasil se renda à narrativa da Otan, mas o Brasil não deve fazer isso e nem endossar a narrativa russa. A posição brasileira busca equidistância para ter autoridade. Se endossar qualquer narrativa, estaremos desqualificados para mediar a paz”
Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior De Guerra

“O que causa espanto na declaração é o teor. Espera-se ponderação de um presidente da República sobre um conflito desses. Foi, no mínimo, uma gafe. Não é o tom que se espera nessas questões. É consensual que há um agressor bastante claro, que é a Rússia.”
Fabricio Pontin, professor de relações internacionais da Universidade LaSalle

Declaração impacta a imagem do Brasil no exterior?

“O discurso é incompatível com as manifestações do Ministério das Relações Exteriores. Os brasileiros podem se perguntar se a política externa na guerra é a do ministério [alinhada à Otan] ou aquela expressa pelo presidente em discursos esporádicos. Hoje há um conflito entre o Itamaraty e o presidente”
Professora Maristela Basso, professora de Direito Internacional

“Ao Brasil interessa ter boa relação com todos os polos, mas compreendendo que essas potências têm seus interesses. Em alguns momentos, nossos interesses não vão combinar. É preciso ser equilibrado para não ter uma visão impactada com o que se viu ontem [16, dia da declaração de Lula]”
Professor Ronaldo Carmona, professor de geopolítica

“Lula causa esse tipo de celeuma por gostar de falar de improviso, ser irreverente. É preciso distinguir os atos do Lula na imprensa e os atos oficiais da diplomacia. Em março, o Brasil agiu com as potências europeias ao condenar posturas da Rússia e não contestar a condenação de Putin no Tribunal Internacional”
Professor Fabricio Pontin, professor de relações internacionais

E o “clube da paz”, sugestão de Lula?

Lula sugere reunir um grupo de países sem envolvimento na guerra para discutir o fim do conflito. Além do Brasil, participariam do clube China, Índia e Turquia.

“Lula já está impedido. Um mediador não dá opinião sobre o que está acontecendo. Ele tem de entrar de forma neutra. Se emite um juízo de valor, ele fica impedido de mediar. É uma proposta natimorta, ele não é mais neutro. Se ele tiver de fazer esse discurso, ele não é mediador, é juiz”
Professora Maristela Basso, professora de Direito Internacional

“A ideia é correta: reunir países sem envolvimento para dizer aos que estão na guerra que é hora de acabar com ela. Mas acredito que as condições para a paz ainda não foram dadas. Talvez precise de um impasse militar para que essas condições apareçam”
Professor Ronaldo Carmona, professor de geopolítica

“O clube parece uma ideia ligada à revisão do Conselho de Segurança da ONU, posição antiga defendida por Lula. A proposta é consistente, mas o Ministério de Relações Exteriores tem de agir como apagador de incêndio sobre as declarações de Lula”
Professor Fabricio Pontin, professor de relações internacionais

Já um outro veículo de notícias do Brasil, mostrou como foi a resposta dos envolvidos no assunto. O tom foi de crítica.

A resposta da Europa veio por meio do porta-voz de assuntos externos da União Europeia, Peter Stano, em pronunciamento, ontem, em Bruxelas, na Bélgica. O comunicado rejeitou as acusações do presidente brasileiro, afirmou que a Rússia é a única culpada pelo conflito e reiterou que União Europeia e Estados Unidos estão trabalhando juntos para combater a guerra.

“O fato número um é que a Rússia, e somente a Rússia, é responsável (pela guerra). Ela gerou provocações e agressões ilegítimas contra a Ucrânia. Não há questionamentos sobre quem é o agressor e quem é a vítima. Os EUA e a União Europeia trabalham juntos, como parceiros de uma ajuda internacional”, diz Stano. “Estamos ajudando a Ucrânia em exercícios para legítima defesa. Não é verdade que os EUA e UE estão ajudando a prolongar o conflito. Nós oferecemos inúmeras possibilidade à Rússia de um acordo de negociação em termos civilizados.”

Já os americanos foram mais duros. O coordenador de comunicação estratégica do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, chamou os comentários de Lula de “simplesmente equivocados”. Para ele, o Brasil está “repetindo a propaganda russa e chinesa sem olhar para os fatos”. Kirby fez a declaração mais enfática de um membro do governo americano quanto aos movimentos da diplomacia brasileira sobre o conflito europeu.

Para o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, às críticas do governo dos Estados Unidos sobre a posição brasileira são infundadas. Na avaliação doo chanceler, o Brasil “trata de paz”, não de guerra.

UOL e Correio Braziliense

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